quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Oxóssi no novo mundo.

O culto de Oxósse encontra-se quase extinto na África, mas bastante difundido no Novo Mundo, tanto em Cuba como no Brasil.Na Bahia, chega-se mesmo a dizer que ele foi rei de Keto, onde outrora era cultuado. Isso se explica, talvez, pelo fato destes pais ter sido completamente destruído e saqueado pela tropa do rei de Daomé, no século passado, e seus habitantes, inclusive os iniciados de Oxóssi, foram vendidos como escravo para o Brasil e Cuba Esses africanos trouxeram com sigo o conhecimento do ritual de celebrarão desse culto. Chegou-se a tal ponto que, embora existindo ainda em Keto os locais onde Oxossi ao desse culto. Chegou-se a tal ponto que, embora existindo ainda em Keto os locais onde Oxossi recebia outrora oferendas e sacrifícios, já não existe atualmente pessoas que saibam e desejam cultuá-los.


No Brasil, seus numerosos iniciados usam colares de contas azul-esverdeadas e quinta-feira é o dia da semana que lhe é consagrado.Seu símbolo é como na África, um arco e flecha em ferro forjado. Sacrificam-lhe porcos e são-lhe oferecidos pratos de feijão preto ou fradinho com eram apetere (miúdos de carne).

Oxossi é sincretizado na Bahia com São Jorge e com São Sebastião no Rio de Janeiro, enquanto em Cuba ele é São Norberto.



No decorrer do “cheire” dos orixás, ele segura em uma das mãos o arco e a flecha, seus símbolos, e na outra um “erukuerê”(espanta-moscas), insígnia de dignidade dos reis da África e que lembra ter sido ele rei de Keto. Suas danças imitam a caça, a perseguição do animal e o atirar da flecha.Oxóssi é saudado com o grito “Okê!”



Conta-se no Brasil Oxossi era irmão de Ogum e de Exu, todos os três filhos de Iemanjá. Exu era indisciplinado e insolente com sua mãe e por isso ela o mandou embora.

Os outros dois filhos se conduziram melhor.Ogum trabalhava no campo e Oxossi caçava na floresta das vizinhanças, de modo que a casa estava sempre abastecida de produtos agrícola e de caça. Iemanjá,no entanto,andava inquieta e resolveu consultar um babalaô.

Este lhe aconselhou proibir que Oxossi saísse à caça, pois se arriscava a encontrar Ossae,aquele que de tem o poder das plantas e que vivia nas profundezas da floresta. Oxossi ficaria exposto a um feitiço de Ossae para obrigá-lo a permanecer em sua Campânia. Iemanjá exigiu,então, que Oxossi renunciasse sua atividade de caçador. Este, porém, de personalidade dependente, continuou sua incurções à floresta. Ele partia com outros caçadores, e como sempre faziam, uma vez chegado junto á uma grande arvore (ìrókó) separavam-se, protegendo isoladamente, e voltavam a encontrar-se no fim do dia e no mesmo lugar. Certa tarde, Oxossi não voltou para o reencontro, nem respondeu aos apelos dos outros caçadores.Ele havia encontrado Ossaen e este lhe dera para beber uma porção onde foram maceradas certas folhas, como a amúnimýè, cujo nome significa “apossa-se de uma pessoa de sua inteligência “, o que provocou em Oxossi uma amnésia. Ele não sabia mais quem era nem onde morava. Ficou, então, vivendo nas matas com Ossaen, como predissera o Babalaô.

Ogum inquieto com a ausência do irmão partiu a sua procura, encontrando-o nas profundezas da floresta. Ele o trouxe de volta, mas Iemanjá não quis mais receber o filho desobediente Ogum, revoltado pela intransigência materna, recusou-se a continuar em casa (é por isso que o lugar consagrado a Ogum esta sempre instalado ao ar livre).Oxóssi voltou para a companhia de Ossaen, e Iemanjá, desesperada por ter perdido seus filhos, transformou-se num rio, chamado Ogum(não confundir com Ogum, o orixá).

O narrador desta lenda chamou atenção para o fato de que “esses quatro deuses ioruba-Exu Ogum Oxossi e Ossaen- são igualmente simbolizado por objetos de ferro forjado e vivem todos ao ar livre”.


tirado do livro ORIXÁS Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo
do escritor Pierre Fatumbi Verger