A tempo da vida do homem é um instante,
Sua substancia, fluente: suas sensações indistintas, O conjunto de todo o seu corpo, uma fácil decomposição; Sua alma, um turbilhão; seu destino, dificilmente previsível; Seu renome, uma vaga opinião. Para resumir,
Tudo que pertence a seu corpo é água corrente;
Tudo o que vem da sua alma, sonho e fumaça.
Sua vida é uma guerra, uma estada em terra estranha;
Seu renome póstumo, um esquecimento
Quem nos pode guiar, então? Uma só e única coisa a Filosofia.E nisso consiste a Filosofia em velar para que o gênio que
Existe em nos viva sem ultrajes e sem danos e fique acima dos prazeres e das dores; Que nada faça por acaso, nem por fingimento; e que ele não se preocupe com que os outros façam ou deixem de fazer. E, além disso, em aceitar o que lhe acontece e o que lhe é destinado como vindo da mesma fonte de que ele mesmo procede. E, sobretudo, um esperar a morte com um espírito sereno, sem ver nela nada mais que a dissolução dos elementos de que é composto cada ser vivo. Se quanto a esse elemento não há nada de assustador em que cada um se transforme continuamente em um outro, porque temeríamos a transformação e a dissolução do seu conjunto? Essa é a lei da natureza; e nada é mau quando ela se origina.
Muitos procuraram uns retiros nus campo nas praias, nas montanhas. E tu meso acostumas-te a desejar ardentemente esses lugares de isolamento. Mas tudo isso é vulgar porque podes,
Mo momento em que quiseres, retirar-te em ti mesmo. Em nenhum lugar, com efeito, o homem encontra mais tranqüilo e calmo retiro que em sua alma, ou se ele possui em seu foro intimo essas noções sobre as quais basta que ele se incline.
Para que adquira uma quietude absoluta. Concede-te assim, permanentemente, esse retiro e renova-te. Mas que aí se encontram essa máxima concisa e fundamental, que quando as encontrares te sentirás penetrado por seu espírito e voltaras, isento de amargura, e tuas ocupações. Contra quem, com efeito, sente amargura? Contra a maldade dos homens? Lembra-te do conceito de que os seres racionem nasceram uns pra os outros, que suportasse mutuamente é uma parte da justiça, que os homens pecam involuntariamente, que todos os que atem agora se malquistaram suspeitaram uns dos outros, se adiaram, se crivaram de golpes de lança, jazem reduzidos a cinzas. Em fim, acalma-te. (...) E, sobretudo, não te atormentes, não te ponhas tenso; se livre e olha as coisas com virilidade, como homem, como cidadão, como mortal. Conta dentro do numero das mais chegadas máximas que te inspirarão, essas duas; uma, que os acontecimentos não deve afetar a alma, mas manter-si fora de seu alcance, pois os aborrecimentos nascem apenas do julgamento do espírito. A outra que todas as coisas que tu vês serão, quando ainda não o foram, transformadas, e não existirão mais. E quantas transformações já te testemunham! Lembra-te constantemente: o mundo é mudança; a vida, substituição.
PEDRO FREIRE RIBEIRO.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
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